No Brasil e no mundo existem vários tipos de cerimônia matrimonial. Uma delas, pouco vista por aí, é a que acontece na Maçonaria. Confira.
A reportagem do Poços Já Mulher conversou com um casal que realizou a cerimônia de consagração matrimonial na Loja Maçônica Estrela Caldense, em Poços de Caldas.
Na época, a publicação fazia uma série de reportagens sobre os diferentes tipos de celebração, essa fez parte da série especial #PartiuCasar, que foi publicada sobre o Mês das Noivas.
A fisioterapeuta Cielita Soares Franco, de 38 anos, conheceu o marido Luciano de Abreu, engenheiro eletricista também de 38 anos, ainda na adolescência. Depois de alguns encontros, os dois ‘se perderam’ no caminho. Em 2009 voltaram a se encontrar e, alguns meses depois, começaram a namorar. O namoro seguiu firme e no ano de 2011 o casal passou a pensar em casamento.
Cielita divorciada, a possibilidade de se casar novamente na Igreja Católica foi descartada. Como o pai e o noivo de Cielita são maçons, a ideia de realizar uma cerimônia na Loja Maçônica foi logo abraçada. “Meu pai achou o máximo porque ele que era o venerável na época, que é tipo uma autoridade entre eles, é o que preside a loja, então ele que iria realizar,” lembra Cielita.
O casal deixa claro que o que ocorre na maçonaria não é um casamento religioso e nem tem efeito civil. Trata-se de uma cerimônia de consagração matrimonial, uma confirmação do casamento que já ocorreu, seja no cartório ou até mesmo em uma igreja. Para que seja realizada, o noivo deve ser um membro da maçonaria.
“Não é uma cerimônia religiosa, até porque a maçonaria não é uma religião. Então é uma consagração, uma confirmação. Até se a gente quisesse que o juiz de paz fosse lá, poderia, mas a gente não quis, porque achamos que seria mais emocionante sendo o pai dela”, explica Luciano.
cerimônia
A cerimônia teve tudo que um casamento tem direito. Padrinhos, daminhas, flores, música, alianças, votos. E mais: alguns simbolismos que fazem parte da maçonaria. Na entrada da noiva, maçons, que são considerados irmãos do noivo, erguem as espadas bem abaixo da abóbada de aço. Essa é uma forma de mostrar que a partir daquele momento a noiva faz parte da família formada pela maçonaria, passando, inclusive, a ser chamada de cunhada.
“A partir dali, independente do que aconteça, todos estão ali para nos ajudar, é como se fosse uma proteção deles”, conta Luciano. Firmados nos valores de respeito, comprometimento, fidelidade e principalmente amor, Cielita comenta o significado do momento. “Eles se tratam como irmãos, então durante a cerimônia é falado que a partir daquele momento eu sou considerada cunhada e posso contar com eles como se fossem irmãos mesmo, da família.”
A cerimônia de consagração matrimonial na maçonaria é recheada de simbolismos. Sobre o altar ficam a pira para vela e a pira para incenso, que representam, respectivamente, Deus sempre presente e elevação através do perfume de toda a energia boa que faz parte do momento. O livro da Lei, no caso a Bíblia, também está presente, como em todas as reuniões dos maçons.
Os noivos tomam vinho em uma taça de cristal, que em seguida é quebrada, para que ninguém beba da felicidade deles. “Simboliza a nossa felicidade, o vinho porque na mitologia é a bebida dos deuses e no Cristianismo representa do sangue de Cristo. Mesmo não sendo uma religião, remete a isso. Depois a taça é quebrada, o que também tem uma representatividade”, destaca Cielita.
Luciano explica ainda que essa cerimônia só é realizada em lojas maçônicas. Segundo ele, em todas as reuniões maçônicas, mesmo as consagrações matrimoniais, algumas posições devem ser respeitadas. “Você teria que montar um templo fora da loja, mas para isso precisa consagrar esse templo. Então, por exemplo, se você for fazer em uma quadra, aí o grão-mestre tem que vir de Belo Horizonte consagrar o local para depois fazer a cerimônia, isso é mais complicado”, salienta.
Celebração aconteceu na Loja Maçônica Estrela Caldense.
Cielita e Luciano tiveram sua consagração matrimonial no dia nove de dezembro de 2011.
“Além da emoção normal de um casamento, ainda tem uma a mais por ter meu pai ali realizando a cerimônia, então foi bem forte. Eu segurei muito para não chorar, e teve uma hora que ele (o pai) parou para respirar porque ele também estava segurando para não chorar. Eu sou muito ligada ao meu pai, então foi bem emocionante”, relata a fisioterapeuta.
Fotos: arquivo pessoal/
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