8 de set. de 2021

Inedito- Exumação do corpo de Dom Pedro I

 Fatos novos surgirem é coisa rara. Isso torna ainda mais importantes as descobertas que começam a ser feitas a partir da exumação inédita do corpo de dom Pedro I, imperador do Brasil, e suas duas mulheres, dona Leopoldina e dona Amélia.




Fruto do extenso trabalho que envolveu 11 instituições dos três âmbitos de governo e mobilizou uma equipe liderada pela arqueóloga e historiadora Valdirene do Carmo Ambiel, os resultados iniciais, divulgados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, têm o fascínio de trazer o passado para os dias de hoje.

Os estudos que a intrincada exumação incentiva devem ainda dar início a um processo de revisão e redescobrimento da história nacional. Em breve, teorizam historiadores ouvidos por ISTOÉ, poderemos até ver algumas modificações nos livros didáticos brasileiros a partir do que dizem os restos mortais da família imperial. Entre os personagens examinados, dom Pedro I e a imperatriz Leopoldina renderam as revelações mais saborosas da pesquisa. Ele, em especial, por sua importância histórica e por ser o eixo central dos três exumados, foi quem mereceu mais atenção.






Dom Pedro I, feito imperador do Brasil em 12 de outubro de 1822, morreu e foi enterrado em Portugal em 1834. Ele havia abdicado do trono brasileiro três anos antes e regressado para a Europa. Seus restos mortais foram trasladados para o País em 1972, na comemoração dos 150 anos de Independência, sendo abrigados na cripta do Monumento à Independência, em São Paulo. A abertura do caixão, em fevereiro de 2013, foi trabalhosa e demorada.Um levantamento preliminar do material já permitiu a revisão de algumas verdades estabelecidas sobre o Imperador, além de novas interpretações de fatos conhecidos.


Por mais de um século, a imagem propagada de dom Pedro I era a de um homem esguio, forte e alto. Assim ele foi retratado em telas e, posteriormente, no cinema e na tevê. Por isso, o patriarca da independência que habita o imaginário brasileiro é o do imperador montado no cavalo branco, grande e imponente como o pintou Pedro Américo num dos principais quadros do Museu da Independência. Ou o dom Pedro I galã, interpretado, em 1972, por Tarcísio Meira no filme “Independência ou Morte”. A verdade, porém, é que nem porte de galã ele tinha. Segundo as conclusões iniciais da pesquisa, ele media entre 1,66 m e 1,73 m. Portanto, era baixinho para os padrões atuais, mas de boa estatura para a época. A partir da estrutura óssea pode-se inferir que era atlético. “Bate com os relatos que temos de que ele era um sujeito hiperativo, sempre envolvido com algum tipo de atividade física”, afirma Mary del Priore, historiadora e autora de “A Carne e o Sangue”, sobre a família imperial.


A exumação também revelou que quatro costelas do lado esquerdo estavam quebradas. Elas são resultado de acidentes em vida porque havia marcas de cicatrização, processo que cessa após a morte. É um achado que confirma a documentação existente sobre os acidentes sofridos por dom Pedro I – um em 1823 e outro em 1829 –, mas que também expande a discussão sobre as aptidões e o estilo dele para exercer o poder. “De informações como essa, que confirmam lesões graves decorrentes dos riscos que o imperador assumiu, podemos inferir que ele não era um homem talhado para a vida em gabinete”, diz a historiadora Maria Aparecida de Aquino, da Universidade de São Paulo (USP).


De fato, dom Pedro I era mais talhado para a ação do que para reflexões. Ao regressar para Portugal, por exemplo, depois da abdicação do trono no Brasil, fez treinamento na França para melhorar a condição física como preparação para a guerra que travaria com seu irmão, dom Miguel, pelo trono português. Negociar uma saída diplomática não era sequer uma possibilidade. “Todo governante constrói para si a imagem que deseja ter, e dom Pedro I sempre quis ter fama de cavaleiro destemido e apaixonado”, diz o historiador Maurício Vicente Ferreira Jr., diretor do Museu Imperial em Petrópolis. “De certa forma ele conseguiu, tanto para o bem quanto para o mal.” Coisas da História do Brasil.


Fonte: Texto e fotos /Reprodução/ ISTOÉ

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